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  • Foto do escritorLuisa L.

Hopepunk: uma dose de esperança em meio ao caos

Olá, queridos fantasmas.

Eu sei que eu dei algumas dicas sobre os dois primeiros livros que vão ser lidos e resenhados aqui no blog, mas com tudo que tem acontecido recentemente, bem...




Achei que faria bem trazer algo de positivo; algo que possa nos dar um pouco de esperança nesses momentos de solidão, luto e desânimo.

Recentemente eu descobri uma nova paixão na minha vida: Audio Drama (pense em radionovela e adapte para os meios digitais; é algo próximo disso, embora seja um gênero bem diverso). E como toda boa paixão, esses podcasts tomaram conta de boa parte da minha vida e dos meus momentos de descanso.

Pretendo, inclusive, falar um pouco sobre eles no futuro, afinal de contas, mídias como streaming e cinema não têm capturado tanto assim minha atenção e estou sempre buscando novas formas de storytelling para girar as engrenagens de minha criatividade, mas hoje pode-se dizer que o foco é um subgênero (ou sub-subgênero) que eu não conhecia até mergulhar de cabeça no nicho dos áudio dramas: Hopepunk.





Nas minhas pesquisas encontrei outros posts em português que apresentam e explicam o Hopepunk, provavelmente com mais autoridade do que eu, que ainda estou me familiarizando com o termo e sua ideia central, então vocês podem consultá-los na seção de bibliografia deste post, lá no final. Também vou colocar links para outras fontes utilizadas, mesmo que em inglês, para quem tiver também interesse em dar uma olhada nesses outros sites.

O que é Hopepunk?

Você já deve ter ouvido falar de steampunk e cyberpunk, certo? Ambos fazem parte de uma série de subgêneros englobados pelo que comumente se define como ficção especulativa. Mesmo dentro desses subgêneros da ficção especulativa, existem gêneros ainda mais específicos que, para uma vasta maioria do público consumidor de livros, pode não dizer nada, enquanto para outros pode ser o termo perfeito que você procurava para descrever um tipo bem específico de história que apetece seus gostos. (Olá nanopunk, biopunk e dieselpunk!)




Em meio a tantos gêneros que acabam inclinados a ares mais distópicos, a autora Alexandra Rowland publicou, em seu Tumblr, duas frases:



Antes de prosseguir, é necessário explicar o que é grimdark: subgênero de Fantasia, há dificuldade de criar uma explicação definitiva para o gênero, sendo de comum acordo, no entanto, que suas histórias costumam trazer temas, ambientação e sentimentos sombrios.

Como citado no blog da Editora Draco[1]:

“Tentando esclarecer as características do grimdark, podemos listar os pontos onde os autores parecem concordar:

· Cenário decadente, distópico e violento;

· Tom niilista e desesperador, onde todos parecem no limite e a catástrofe se torna inevitável;

· Personagens amorais, ou de moral duvidosa, diante de escolhas difíceis;

· Forças sobrenaturais usadas como ferramentas das ações humanas;

· Tom cinzento, com ausência de limites claros entre o certo e o errado, a luz ou as trevas, o bem ou o mal;

· Desfecho imprevisível, comumente cínico, com uma vitória parcial ou uma derrota completa do protagonista, reforçando o tom niilista onde nada é capaz de melhorar.”

As referências utilizadas no post, que data de fevereiro de 2016, podem ser encontradas no final da página.

Creio que, com uma certa identidade definida para o grimdark, fica mais fácil de visualizar os objetivos do hopepunk.




O momento que vivemos é delicado; estamos mais conectados do que nunca, informados dos perigos reais do aquecimento global bem como da proximidade de suas consequências para a humanidade, e estamos há um mês sem poder sair de casa para reduzir a curva de proliferação do Sars-CoV-2 (sim, precisei jogar no Google) e evitar o colapso do sistema de saúde nacional com o pico de demanda que acontece em casos de pandemia.

Em tempos de crise, é comum direcionarmos nosso foco para mídias que nos mantêm informados ao mesmo tempo que tentamos nos distanciar do estresse com formas de escape, como livros, filmes e séries de TV ou serviços de streaming. E há algo melhor para consumir, em momentos como esses, que histórias que aquecem nossa alma e levantam nosso humor?




Hopepunk, como definido no artigo que apresenta o termo, escrito pela revista Vox[2]:

“[…] é tanto um humor e um estado de espírito quanto um movimento literário, uma mensagem narrativa de ‘continuar lutando, não importa o que aconteça’. Se essa [definição] parece ampla demais [...], então leve em consideração o conceito de esperança em si, com todas as implicações de amor, gentileza e fé na humanidade que ele engloba.

Agora, imagine esse conjunto de ideias aconchegantes, não como um estado de ser otimista demais, mas como uma escolha política propositada, feita com total consciência de que as coisas podem estar sombrias ou até mesmo sem jeito algum, mas você vai seguir tendo esperança, amando, sendo gentil não importa o que aconteça.” (Tradução livre feita por mim)[3]

O hopepunk é uma escolha, uma afirmação consciente de que você escolhe ter fé de que as coisas vão melhorar, de que existe amor e gentileza nas pessoas, no mundo. Que há algo bom para esperar do futuro, mesmo que o agora seja desesperador.

Conclusão

A ideia do post foi informar sobre algo positivo, apresentar o hopepunk e incentivar vocês a buscarem mídias e histórias que ressoem na alma como o que o hopepunk almeja alcançar. É um gênero novo, nascido da necessidade do mundo globalmente conectado de acreditar que há motivos para ser gentil e esperar dias melhores.

Espero que quem não conhecia o conceito possa tirar algo de positivo dele e, se você estava buscando por distrações que tirassem sua cabeça do lugar sombrio que ela está com o que está acontecendo globalmente, vou deixar sugestões ali embaixo, um pouco antes das referências.

Hopepunk para degustação

Sabe de algum outro filme/série/livro/desenho animado que não foi citado? Pode deixar sua sugestão nos comentários!

A ideia é espalhar o máximo de hopepunk possível para trazer esperança nesse momento tão difícil, então toda sugestão e recomendação é bem-vinda!

Índice Remissivo

[1] O que é Fantasia Grimdark?

[2] Hopepunk, the latest storytelling trend, is all about weaponized optimism

[3] “[…] hopepunk is as much a mood and a spirit as a definable literary movement, a narrative message of ‘keep fighting, no matter what’. If that seems too broad […] then consider the concept of hope itself, with all the implications of love, kindness, and faith in humanity it encompasses.

Now, picture that swath of comfy ideas, not as a brightly optimistic state of being, but as an active political choice, made with self-awareness that things might be bleak or even frankly hopeless, but you’re going to keep hoping, loving, being kind nonetheless.” (Trecho original em inglês, extraído do artigo [2]).

Referências

CALLAHAN, Trace; TESS, Evan, This Planet Needs a Name. Disponível em: https://open.spotify.com/show/2Ype6UJWmnoFGWQIABbQWS. Acesso em: 16 abr. 2020.

MONKEYMAN PRODUCTIONS, MonkeyTales. Disponível em: https://monkeymanproductions.com/monkeytales/. Acesso em 16 abr. 2020.

FUSCO, Cláudia. Hopepunk: a ficção corajosa para tempos difíceis. Marie Claire. 23 ago. 2019. Disponível em: https://revistamarieclaire.globo.com/Blogs/Claudia-Fusco/noticia/2019/08/hopepunk-ficcao-corajosa-para-tempos-dificeis.html. Acesso em: 16 abr. 2020.

GUERRA, Diego. O que é Fantasia Grimdark? Draco Blog. 4 fev. 2016. Disponível em: https://blog.editoradraco.com/2016/02/o-que-e-fantasia-grimdark/. Acesso em 16 abr. 2020.

ROMANO, Aja. Hopepunk, the latest storytelling trend, is all about weaponized optimism. 27 dez. 2018. Vox. Disponível em: https://www.vox.com/2018/12/27/18137571/what-is-hopepunk-noblebright-grimdark. Acesso em 16 abr. 2020.

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